A partir dos meus 6 a7 anos de idade, comecei
a visitar a casa dos meus irmãos, até então chamados de “primos”. Era bem grande como se vê na foto ao lado, tendo à frente o querido mano
Jurandir. Essa casa tinha mais umas duas
janelas à esquerda da foto. Lembro que
tinha duas salas contíguas à frente, uma
de jantar e outra de lazer, uma alcova, um salão, espaçosa cozinha e mais
uns dois quartos em um sótão, um deles das manas Ermelinda e Tereza. Eu
gostava de frequentar esse grande salão,
dormitório de alguns dos meus irmãos, onde eram guardados muitos instrumentos musicais
que eu tentava, sem sucesso, tocar um ou
outro. Do Gerson (violão), Jurandir (trombone), Edson (piston), Otoniel
(clarinete), Antonio, o Quitó (trompa), Pedro (contra-baixo ou tuba), João Batista
(flautin). Meus 7
irmãos e mais uns 3 ou 4 outros músicos, sob a batuta do maestro Fona, pai de um
excelente pintor e exímio violinista, o Ubirajara, formavam a orquestra que se apresentava nas festas cívicas da
cidade. Muitos chamavam de a orquestra
dos Mendonças. Essa
casa ficava a quatro quarteirões de onde eu morava, era a
última da rua Desembargador Meninéia, em Itacoatiara. Ela se limitava por um lado com a rua que circundava a grande lagoa do Jauary
(hoje inexistente) que, com o
tempo, teve o centro dela tomado pelos aningáis e outras pequenas
vegetações aquáticas, viveiros de alguns jacarés, cobras, sangue-sugas, peixes
pequenos, inclusive o famoso poraquê, e muitos pássaros que se divertiam em revoadas,
faziam seus ninhos e compunham belas
canções para deleite dos que amam a natureza. As Lavadeiras buscavam as límpidas águas das cacimbas
que se formavam naturalmente em vários pontos.
A criançada, com minha presença assídua, jogava bola em campinhos em
declive à beira do igarapé. Nas
enchentes do Rio, havia procissões, com música,
muitos fogos e canoas enfeitadas que percorriam todo o igarapé que se formava
ao redor da vegetação, sendo mais um motivo de alegria para os moradores e visitantes
que iam assistir aos festejos de São
Pedro. Com a enchente do rio, o quintal de meu pai se tornava um lago
escondendo a cerca. Por atingir as sentinas, na época construídas nos quintais,
impurezas eram liberadas, tornando essas águas impróprias para o banho, menos para minhas
irmãs Tereza, Ermelinda e eu, sempre
convidado a burlarmos a vigilância dos mais velhos. Talvez contássemos com imunidade ou a
proteção divina, ou certamente as duas. Hoje
essa casa é inexistente mas deixou, na
nossa memória, lembranças inesquecíveis.
Que lindo, a mamãe me contava destes banhos na piscina que formava com as enxentes.
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