quarta-feira, 3 de abril de 2019

SANTINHA


A partir de agora, tentarei fazer um resumo de histórico familiar, falando de meus pais e irmãos.  Sem obedecer a uma ordem cronológica, registrarei fatos de meu conhecimento, contando com a importante ajuda de colaboradores.
MINHA MÃE...
 MARIA VITAL DE LIMA e Pedro Ludgero de Mendonça Lima tiveram onze filhos, dos quais sou o caçula.    Viúvo, meu pai casou com dona Eloy e tiveram mais seis filhos.   Como mencionei no texto NASCI,   não  conheci minha mãe, pois ela sofreu complicações em sua saúde, em decorrência da explosão de um foguete, embaixo de sua cama, ocorrido  em 29 /06/1934, quando eu tinha apenas 6 dias de nascido.  Em busca de recurso médico, foi levada às pressas para Manaus, onde faleceu pouco tempo depois. Seu nome de solteira era Maria Rebello Vital,  filha de Fortunato Fóscolo Vital e Bárbara Rebello Vital, ele oriundo de Escada-PE .   Seus pais tiveram 15 filhos.   Eram irmãos de minha mãe,  Raimundo, Ernestina, Antonio, Guiomar, Cecilia, Raul, Erotides, Dolores, Manuel, Miguel, Edmundo, Helena, Romeu e Agenor (*).   Parece que, na época,  era comum os casais terem filhos contados em dois dígitos,  o que me leva a acreditar  que, entre outros fatores, não eram assediados pela  TV, facebook ou watsapps.   Dentre  eles, conheci apenas as tias  GUIOMAR REBELLO VITAL ( MINA), residente em Itacoatiara  e EROTIDES REBELLO VITAL, em Manaus .   A tia Mina era uma criatura enérgica, sem “papas na língua”, tanto ativa como caridosa.  Casada com Silvino Montenegro, tiveram cinco filhos,  Maria Amélia (Milica), Maria do Carmo, Aurélia, Miguel e Antonio.    Com todos eles convivi em Itacoatiara,  na época de  minha infância e juventude, porém, foi com Antonio e Miguel,  que tive continuidade no relacionamento,  nas várias visitas que lhes fizemos  em São Paulo, onde passaram a residir.   A Tia EROTIDES era uma pessoa destemida, vibrante e, desde jovem,  muito estudiosa e dedicada aos livros.  Em Manaus,  foi a primeira mulher a subir num palanque em ato público, diante de autoridades, quando fez um discurso eloquente,  elogiado pelo então governador do Estado, grande escritor e poeta, dr. Álvaro Botelho Maia, que conhecia sua destemida  luta pela causa dos menos favorecidos quando escreveu em seu livro “ Em tôrno do caso Amazonas”, de agosto/1931, o seguinte  : “...o excelsior resplendente da mulher entoado, como um dies irae luminoso, por Erotides Vital, flôr de amazonismo ardente, valem por um balsão de honra e glória”(**) .  Foi, no Amazonas, uma das pioneiras em  lutar pela liberdade da mulher. Não ligava para a opinião de algumas senhoras que diziam : “ mulher tem que estar em casa, cuidando das crianças,  lavando e cozinhando,   em vez de se envolver em  política” .  Sem dar bola para a opinião pública, dedicou-se  de forma apaixonada  pela candidatura de  seu esposo, Dr. Manoel Elias Anunciação, eleito, se não me falha a memória,  Deputado Federal.  Tiveram seis filhos, Maria da Conceição , Antonio, Maria do Carmo, Erotides, Francisca e Flávio.  Dentre eles, conheci desde criança  o Antonio (Tonico), que depois serviu  o exército, época em que,  como excelente pianista, fundou uma orquestra que tocava nos principais clubes de Manaus.  Saiu do Exército para   Banco do Brasil,  estudou Direito e atuou como advogado. Em seguida, prestou concurso e foi nomeado Juiz de Direito, não sei de que Comarca.  Em outubro 1995, em Natal com Flávio e Dorinha visitamos sua esposa Auxiliadora, seus filhos Tonico (14) e Lucinha (11), o Antonio estava em Roraima.  Ao mudarmos para Niterói, desde 1995 tivemos o prazer de visitar muitas vezes minha prima Maria da Conceição ( a Conchita) e sua família e, por ocasião de uma festa de aniversário,  revi    Maria do Carmo (Carminha)  e o Flávio, que  conheci rapidamente quando  trabalhava  na Casa da Moeda, na avenida Rio Branco- RJ.   Não lembro ter conhecido as primas Erotides e a Francisca.  Finalmente, restando-me pouco conhecimento de minha mãe, soube que ela tinha o porte e a bondade da querida e saudosa mana Tereza, por isso era chamada de Santinha e que vivia integralmente para o lar, com dedicação e muito amor.  Entretanto, apesar de todo meu interesse, não consegui ver o seu porte, o seu semblante ,  os  traços de seu rosto, ou o brilho de seus olhos, pois  sempre me foram negados  por aquela perseguida  foto que eu nunca encontrei.
(*) Agradeço essa  Informação ao livro intitulado FAMÍLIA VITAL, fruto do esforço e dedicação de meu primo e amigo, Miguel Raymundo de Oliveira Vital, tabelião em Mana                                                                                                             (**) Consta do pequeno (13 páginas) mas rico registro biográfico da tia Erotides, de autor  que não identificado.